quarta-feira, 13 de março de 2013

Incêndios e setembros.


Te imagino como se não tivessem passado todos esses anos, com meus olhos ávidos fito seu sorriso calmo contra o mar. Te desejo como se não tivesse vivido esse tempo sem você. Como se ainda fosse aquela menina sem marcas, carregando no coração uma faísca. Sem suspeitar que faíscas podem provocar grandes incêndios.

Eu deveria saber que não se brinca com fogo. No entanto, estou a quilômetros de distancia e queimando por dentro de vontade de sentir a sua presença. Você é o incendiário que mais esperei, desbrave essa coisa estranha que me deu quando você surgiu. O sentimento me devora. Será que você está de olhos fechados, fugindo da realidade como eu? Passando os dedos involuntariamente nos lábios e sonhando acordado? Espero seu nome brilhar no telefone. Brilhou. Mais territórios vão sendo consumidos pelo fogo. Suas palavras funcionam como um combustível altamente inflamável. Meu coração está descompassado e ardendo em chamas, mas nunca o senti tão vivo.

Você parece gostar de brincar com fogo. Então, chegue mais perto. Bem perto, onde o vento possa soprar seu perfume e transmitir o calor do seu sorriso para enrubescer minha pele branca. Minha mente flutua e a temperatura sobe. Sobe sem controle e a cada grau, leva embora um pouco da minha lucidez. Sei que devo me agarrar a todas as barreiras que insistem em existir. É isso que eu faço quando tudo parece certo demais, me prendo aos meus pensamentos e seguro minhas ações. Parece certo agora. Parece certo e estranhamente bom. Não quero me prender a nada que não seja você. Talvez porque estamos em setembro e queimadas parecem inevitáveis. Me leve para dar uma volta e eu deixarei o incêndio transformar em cinzas tudo o que estiver no caminho.

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