domingo, 7 de junho de 2009

Ladrãozinho, volta aqui.

Eu guardo a mancha roxa no pescoço. Acrescentei nuvens de escuridão aos meus pulmões e também dei trabalho dobrado pro meu fígado. Agora eu tenho essa ferida ardida no coração, tenho motivos... Eu estou me tornando essa coisa toda sua. Meu semblante triste, pensativo e mais sonolento que nunca tem um nome no motivo. E esse nome é o seu. Essa minha vontade infinita de me manter de pijama durante todo o dia, durante vários dias, tem um nome no motivo. E é o seu nome outra vez. Queria poder ter mais coisas pra dizer... Mas eu só tenho isso por agora. Você e seu nome! Fazendo meus dias, sonâmbulos e tristes, terem motivo. Seu nome, seu olhar, seu toque, sua discrição. Eu me justifico, não explico. E continuo no nada que me é tão habitual.


Odeio me perguntar o porquê de tudo, o porquê do mundo, por não saber responder, ou pelo fato de saber que o negócio é não saber. Que o sentido é não ter sentido. Meu negativismo niilista foi inútil. Eu continuei só querendo te ver feliz, como você não viu? Seu Idiota cego, seu imbecil! E eu odeio a sensação de prever tudo. E eu previ você me dando felicidade demais, e eu sabia que isso simplesmente não podia ser pra mim. Mas eu queria acreditar que por alguns segundos Deus tinha atendido as minhas preces. Eu fui tola, mas quem nunca esteve numa dessas? Eu acreditei, sem querer acreditar. Foi perfeito demais pra ser. O que é perfeito simplesmente não deve acontecer e fim. E é assim que eu gosto - eu me engano e acredito. É assim que eu sempre gostei. Eu sou assim, apaixonada pelo inacabado, o imperfeito, o estragado. Isso pra mim é bonito. Eu persigo o efêmero. Eu quero tudo que dá e passa. Tudo que se despe, se despede e despedaça.

Eu guardo a falta das marcas, que você insiste em não deixar. Eu guardo meu silêncio, meu olhar pra baixo e o atar as mãos nas costas. Minha falta de ação perante o medo de te perder. Mas hein, quando eu te tive? Quando você estava realmente aqui comigo? Eu em algum momento devo ter tido você, porque você me teve tanto, teve muito, teve tudo e demais.

A culpa não foi minha, nem nossa. Não existe culpa. Mas é porque a gente decidiu dividir o nada. A falta. A falta de tudo que sobrava tanto. A inexistência dos limites, dos contornos, das lapidações. Que eu tive medo de delinear. E você nem queria se preocupar. Você só me queria. E eu só te queria bem. Você me queria só. E eu queria também. Agora, só, você quer. E eu... E eu... Só sei que não queria ter que deixar você.

Ladrãozinho, me devolve a chave? Também não esqueça dos meus chinelos, dos retalhos do meu coração, da minha escova, da nossa canção, da minha blusa branca e da minha alegria... Tenta se lembrar de trazer de volta para mim...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Pra você, Só.

Você aconteceu na minha vida,
Assim de repente.
E se tornou enorme no meu coração.
Com seu jeitinho de abraçar,
Que acalmou minha solidão.
Com seu jeitinho de sorrir,
Que alegra muitas vidas por aí.
Com o seu jeito lindo de olhar...
Andar...
Falar...
E tudo enfim,
Engrandeceu você pra mim.

Você é essa alegria extinta,
Tem essa pureza linda
Que não é fácil de encontrar.
E eu desejo que você siga assim,
Sendo sempre uma parte de mim.
A parte, SÓ.
A parte, quase um nó.
Que nunca vai desatar de nós
Essa amizade veloz.

Vou te lembrar pra sempre,
Te levar pra sempre.
Para sempre, sem fim...
Nunca mais vou ser Só assim.


Feliz aniversário!

sábado, 16 de maio de 2009

Pra você, coração.

Eu sinto sim, sinto saudade, até demais... Porque por dentro tudo arde. Eu estou perdida, nessa cidade de gente grande. É tudo bagunçado, é tudo sujo e eu estou só. Mas eu sempre fui só mesmo no meio de multidões e você gostava mesmo assim. Eu lembro de tudo que você costumava dizer e sinto saudade. É tão gostoso escutar a sua voz ecoando no meu pensamento, tudo é confortável com você. Mas eu estou aqui sozinha de verdade, dessa vez. Tudo é escuridão dentro e fora de mim. O vazio toma conta depois de estar com você no pensamento, simplesmente me vejo aqui no meio desse Horror de Horizonte. 

Eu só precisava agora do meu coração de volta e de uma canção. Da sua canção, das nossas do Vinícius... Mas qualquer uma que você escolhesse no seu celular chique e colocasse pra tocar ficaria bem também, agora eu só precisava dar umas voltas pela cidade que tem o céu mais lindo do país e me sentir feliz, por sentir sua vida de novo na minha. Por mim, iria a qualquer festa com você só pra te ver se perder no caminho e rir demais quando a gente chegasse e não visse festa nenhuma porque você é lerdo e errou o dia. Não tem problema, não. A gente poderia fazer outra coisa, ou ficar sem rumo outra vez, assim como tantas vezes já estivemos. Mas bem que você podia parar o carro, me servir uma bebida verdinha, forte demais numa taça de champanhe com meu nome escrito, a gente também já fez isso, mas poderia fazer de novo. 

Poxa, se eu tivesse você aqui agora. A gente já estaria no caminho pra alguma sorveteria gostosa pra comer o sorvete de chiclete que eu adoro, ou indo pra algum restaurante japonês bem bacana pra encher a barriga de sushi e depois ficar debaixo de um bloco jogando conversa fora. Enquanto eu dissesse qualquer coisa melancólica, você me pediria em namoro de brincadeirinha e eu diria não. Eu continuaria a reclamar da tristeza da vida, você falaria que namoraria a minha melhor amiga. E aí eu falaria que podia, só que de brincadeirinha e morreria de ciúmes. E se você decidisse ficar mais, a gente ia na casa da sua ex devolver um casaco que ela esqueceu com você. E aí, já seria de noite e a gente poderia ir comer no mc donalds, eu ia pedir meu mcduplo e comer cada parte por vez, você ia olhar com nojo...  Eu ia comentar da lua, e você ia dizer mais uma vez que o seu soneto preferido é o do Corifeu. A gente ia declamar alguns versos e ia elogiar o Vinícius. Acho que isso ia te lembrar dos seus nove futuros casamentos, e também que eu vou ser um dia uma das suas esposas... A última, pra ter um papel bem honroso. E quando a gente viajasse, eu te compraria taaantas balinhas, só pra ver esse sorrisinho charmoso se abrir...

Eu queria te ter aqui agora pra poder escutar você dizer que eu sou sua alma gêmea, que meu coração é de pedra e que as mulheres são más, pra você me dizer essas suas chatices e mesmo assim me fazer ficar feliz quando sentir o seu abraço. Olha, eu não sei o porquê de escrever esse tanto de coisa, nem sei o porquê de lembrar de tanta coisa também, mas eu só tenho certeza de que eu não me arrependo de nada e que a gente foi feito um pro outro e não deve se largar nunca! Olha aí, é culpa sua só escrevendo aqui já se derreteu metade do meu coração que era pra ser de gelo.

P.s.: São lembranças que nunca vão se perder da minha memória, e você sabe que não. Mesmo com essa sua mania de tentar me irritar dizendo tudo o que eu não quero ouvir, mesmo você me lembrando sempre do que eu mais quero esquecer e mesmo assim, eu sinto que nos seus braços é o meu lugar. É só você que conhece tudo o que sou, e só você conhece o melhor jeito de não me ver triste. Eu sei e você sabe que a vida quis assim, mas nada nesse mundo levará você de mim. Eu sei e você sabe que a distância não existe que todo grande amor só é bem grande se for triste. Olha meu amor, não tenha medo de sofrer que todos meus caminhos se encaminham pra você.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O ladrão.


Eu ouvia a porta se abrindo, assim baixinho sem grande alarde, num rangido delicado, que tentava até ser silencioso. Ouvia, passos leves e espaçados, como se calculassem o caminho por onde pisam, com medo de se perder ou se machucar. Não adianta nem tentar, depois que alguém entra no meu mundo, vai guardar para sempre uma cicatriz e um desespero de quem sabe o que é se perder numa confusão, mas mesmo assim ele estava ali se arriscando.

No entanto, ninguém nunca havia entrado daquela forma no meu coração. Não bateu na porta, não pediu licença... Só chegou, apreciou e entrou silencioso, com uma cautela misteriosa que despertou minha eterna obsessão de desvendar mistérios.

Desde então, tenho tentado espiá-lo de dentro dos meus esconderijos, sem coragem de me oferecer para mostrar o lugar e o chamar para se acomodar. Eu simplesmente não sei o que fazer, me escondo. E eu não era assim! Eu sou uma egoísta, nunca liguei pra os caras que o maior desejo era fazer parte da minha vida. Eu já tive vários deles, cada um tentando fazer uma festa de abertura mais escandalosa que o outro, para Deus e o mundo ficarem cientes de que agora eles que haviam tomado conta da minha morada... Oh, pobres coitados! Ninguém é chefe desse ressinto, senão eu. Porém, eu pouco ligava para o estardalhaço que faziam, e fingia aceitar tudo o que eles diziam, só pra ficar com eles um pouco, matando minha solidão. E cínica, quando não queria mais, mostrava com carinho o caminho da porta e dizia até logo - até quando eu quiser você de novo.

Era esse o roteiro. A porta do meu coração, sempre parecia emoldurar exibicionistas que iam ali dar um show. Quem eu era não valia tanto, mas estar ali e poder contar pra todo mundo, era simplesmente demais!  Aquela nova entrada me surpreendeu, me deixou intimidada. Ele não parecia estar aqui dentro a passeio e muito menos com vontade de tomar conta. Parecia só querer me encontrar, me acompanhar, saber quem eu sou, como eu estou... Mesmo receoso, por não conhecer o terreno, ele continuava ali tentando se encontrar em mim. Olhando, com aqueles olhos da cor do mar e da esperança, dentro do meu olhar perdido. E foi só ele abrir o sorriso para iluminar a minha escuridão. Nesse instante, o meu maior desejo era trancar a porta do meu coração, porque eu não queria ver ele sair daqui. O problema é que ele na chegada misteriosa, entrou depois de ter trocado a fechadura e agora só ele tem a chave... Eu deveria saber que ele seria o ladrão que veio para roubar meu coração. Mas não tenho medo, me sinto estranhamente bem, vulnerável em suas mãos.

sábado, 14 de março de 2009

Que todo amor fosse o primeiro...

"E depois que o amor acaba? Amor acaba? Por que eu ainda penso nisso?" O meu amor não acabou, fui eu que apaguei com a borracha da ausência. O amor não acaba não, vira fantasma que assombra a gente aonde quer que esteja. É sempre assim, na rua, ao olhar para o lado você vê... Vê, sim! O amor está ali do outro lado da rua! O coração palpita, as pernas bambeiam, as mãos gelam e pingam suor. "É ele!" você pensa, só até aquele estranho virar o rosto para você ver que não tem nada que lembre aquela sua paixão inesquecível. Era só um pobre inocente que o fantasma do seu ex amor tomou conta. Me dá vontade de chorar, tenho medo de assombração. Ainda mais assim quando aparece de súbito sempre que tem oportunidade!


Amor não termina. Só acaba com o coração. Meu pobre coração que o diga, é cheio de remendos, eu fico pensando: " Será que com o coração desajustado assim, ainda dá pra amar de novo?" Poxa, eu queria amar de novo. Amar lindo, igual sonho, igual filme... Eu queria conseguir amar e ser feliz, mas a vida tem me mostrado que isso é quase impossível. Tentei consertar meu coração com uns bandaids da amizade, umas linhas de poesia, as partes de coração que me faltavam, peguei emprestado de apaixonados por aí e não vou devolver, fiz um trabalho lindo de patchwork.


Eu já tentei amar de novo e funcionou!!! Durante algumas semanas, o céu mudou a cor. Sentia um fogo nas veias, um calor, umas feridas se abriam e nada doía. Era tudo amor, paixão, beijos a meia luz, meu coração nem parecia ser remendado batia a todo vapor, numa força que eu imaginava não mais existir. Mas aí, rolava a primeira decepção e todo o turbilhão que o novo amor formava, toda a escuridão que ele trazia, simplesmente amanhecia como se tudo tivesse sido um sonho bom e agora eu estivesse acordando pra vida. A realidade vinha me dizer: "Garota,  levanta, cê já se atrasou demais nesse sonho infantil, acorda pra vida que você conhece... Você sabe muito bem que o sonho já passou, olha pro seu futuro e segue com a sua rotina, que certamente vai te fazer feliz... Sonhos são sonhos e mais nada. Acordou, morreu." E era o fim do meu projeto nova paixão.


No passado, não era assim, era amor demais. Depois de uma decepção eu acordava com vontade de olhar nos olhos e dizer que a gente supera tudo e que tem ainda muito mais decepções pra viver juntos. Mas que merda! Não é mais assim! Eu mal me decepciono e a realidade não precisa nem vir pra conversar, eu já sei. " Ah, é só mais uma desilusão, tanto faz... Nem queria um amor tanto mesmo" E puft, acabou meu sonho, acabou minha emoção... Ih, 'felizes para sempre' deixei pra trás tem tempo. 


No fundo, eu só queria saber se ainda é possível amar de novo, assim como antes, sem reservas, sem realidade, sem conformismo e comodidade. Queria falta de ar, arrepio, o coração acelerado, beijo de boa noite de manhã, queria abraços pra voar, queria pensamentos mirabolantes e sorrir demais a toa... Falando assim parece lindo. Mas eu não mencionei as lágrimas, as dores, a falta de apetite, o apetite em excesso, o coração desordenado, pensamentos desencontrados, nada de beijos, ou abraços, depois de tudo é só solidão. Nossa, mas mesmo assim é tão bom, que eu queria de novo. Quando vejo as fotos, os bilhetinhos, os presentes, as pétalas de flores enfim, tudo que ainda guardo eu sinto o quanto fui feliz. Se eu pudesse viveria amando, ai se eu pudesse sentir que todo amor é o primeiro! Se eu pudesse teria uma coleção de fantasmas, mesmo morrendo de medo de assombração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

 O meu corpo não foi feito para curtir uma história linda de romance. Nasci estragada para o amor. Os quimioreceptores da paixão vieram defeituosos, são ineficazes não fazem durar os sentimentos, as veias que pulsam o amor pelo corpo têm o calibre minúsculo, não me permitindo sentir aquele fogo que arde sem doer, o meu coração é o mais afetado ficando completamente desritmado, desencontrado do mundo ao encarar a possibilidade de viver um grande amor.

É culpa também do Querubim vesgo que não me abençoou com a flecha do amor e me fez ser assim difícil, ou melhor impossível nas questões do coração. Sou o que sou. Louca, pouca, difícil, impossível no amor.

Como não posso amar, sinto dor por meus amantes que em face da realidade sentem quebrar o encanto, o sonho 'feliz para sempre' não combina em nada comigo. Mas não espalho o desamor de propósito os meus defeitos que me fazem ser assim, sou mesmo esse caso perdido.

Quando eu nasci o meu anjo escutou o Vinicius dizer que "a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida", mas como bom desastrado que era e que também me fez resolveu que o meu destino seria traçado na premissa genérica da citação, que é tão linda - o oposto da minha vida. O anjinho lascou: esta vida será a arte do desencontro, embora haverão tantos encontros pela vida". E eu sigo passeando por vidas que encontro por ai. Isso é o que eu faço, essa sou eu! A minha vida vai se desenhando assim, contrária aos versos...


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Eu mereço e fim.

Eu queria ter o dom de ler pensamentos, ou de ver o futuro, só para saber se você me deseja tanto quanto eu o desejo. Para ter certeza de que quando abre a porta você gosta de me ver ali, na mesma proporção em que eu aprecio estar ali. Eu já realizei tantos dos meus planos, mas eu queria saber das suas fantasias e ilusões também, se você as possui... Então se eu pudesse ler seus pensamentos, suas ideias sobre mim, sobre nós, eu poderia te entender de uma vez por todas e decidir se o certo é te deixar para trás, ou correr atrás de você. Porém essa coisa de previsão não existe, é improvável assim como é o nosso amor.

Sua maneira desajeitada de gostar de mim não me faz menos feliz, apenas me deixa confusa e com a sensação de nunca estar completa. Não sei como entender o significado das suas mensagens durante a madrugada, das suas ligações repentinas e sem motivo ... 'Será que é falta do que fazer? Mas não, ele me diz estar sempre ocupado. Será que é solidão? Isso também não, ele tem tantos amigos e tantas mulheres aos seus pés. Por que ele escolhe justo o meu coração para despedaçar?' Quando chego nessa questão, concluo: talvez ele me queira mesmo... Me prendo nisso e logo estarei batendo na sua porta de novo e você me receberá como sempre, sorridente e gentil. Entretanto quando vou partir, sua indiferença dói e perco a esperança de ser verdade a minha conclusão e agora já não sei mais se você me quer. E o meu pensamento fica desencontrado nesse vai e vem.

Entendo que também me mostro indiferente algumas vezes e que desapareço da sua vida de tempos em tempos, mas essas foram as maneiras que encontrei para proteger meu coração que já sofreu tanto e agora para ser feliz precisa reparar os estragos feitos e te esquecer. A sensação de ser esquecido deve incomodar, porém não deve machucar mais que esse vazio que se instalou em mim, desde que me vi apaixonada por você. E toda vez que o vazio está sendo preenchido e eu estou prestes a me curar. Você volta a me atormentar com medo que eu te esqueça e com essa sua doce tristeza nos olhos leva o meu sossego contigo e depois me dá adeus. E enfim, fico vazia e solitária novamente, me odiando por não conseguir te odiar. Mas agora eu sei que isso deve mudar. Não preciso ler nenhum pensamento, ou ver o futuro para sentir que mereço mais, que eu mereço ser amada, mesmo que não seja por você.

Quero que saiba: quando já for tarde da noite e não houver nada para fazer e algo te fizer sentir só, não me incomodo se pensar em mim... Mas pensa baixinho, e guarda o suspiro fundo no coração, não o manifeste para mim, nem para ninguém, porque você ainda não está pronto para me querer, como eu quero. Se você não vai consertar nosso conto de fadas torto, está na hora de você fazer uma bruxa me enfeitiçar e me deixar dormindo nos seus sonhos, até o dia em que você decidir me despertar com o beijo de amor. Não venha a mim se for para oferecer uma pitada de paixão. Ah, mas se você quiser chegar e gritar na minha janela que veio pra ficar, que dessa vez não vai acabar e se me mostrar que o amor foi a sua razão, eu aceito o que for para estar com você. Se você vier em busca de uma felicidade integral eu vou te dar, eu vou fazer sua vida se abastecer de alegria, seu corpo se perfumar de amor, seus pensamentos serão mais apaixonados que as poesias do Vinicius. Eu seria tudo que você quisesse e você seria a única ilha no oceano do meu desejo... Mas se não for pra ser assim. Guarda o carinho das mensagens e ligações sem motivo com você e não me procura mais, pois eu preciso aprender a viver sem você, mesmo que ainda não tenha forças pra me negar a você.

Enquanto não pode me desejar por completo, até quando não me quiser ao seu lado dia após dia, não me chame. Não abale minhas razões provocando meus sentidos se depois vai partir deixando esse nó na minha garganta, esse descompasso no meu coração, essa sensação de vazio que passa a me habitar depois de te ver... Você vai embora sem dores no peito, porque as transferiu para mim depois de tantos beijos. Não faça assim, não seja mal. Pois eu preciso ser amada. Eu quero ser amada. E mereço ser amada acima de tudo. 

Se você não puder me oferecer tudo, não me maltrate com pouco. Não me tire o chão se não vai me amparar na queda. Não me dê migalhas do seu amor, essas migalhas me rendem oceanos de lágrimas e eu não aguento mais. Se é pra brincar de amar escolha outra jogadora. Eu quero aprender a amar alguém que queira ser amado por inteiro. Pois eu preciso descobrir qual é a sensação de ser amada em tempo integral. Não me tire o direito de morrer de amor. Mereço amar e ser amada, mereço sim. Me deixa esquecer o porquê de te querer tanto. E eu deixarei que morra em mim o desejo de estar ao seu lado, porque você não pode me oferecer nada senão a eterna mágoa de um amor aos pedaços. E amor aos pedaços não é amor. Então me deixe te esquecer, para que eu possa abandonar esse vazio triste que me acompanha durante os dias maus em que você não está comigo.

sábado, 3 de janeiro de 2009

A história de uma paixão.

Eu o conheci por aí. Ele era perdido num mundo de fantasias e abstrações, e num mundo lírico de fantasias e abstrações, eu me perderia. Mas no universo dele nunca haveria espaço para nada nem ninguém. Ele parecia se preencher com toda aquela emoção, aquele homem transpirava arte. Quando o vi, soube que queria tê-lo comigo. Acho que foi tudo devido ao fato de ter o olhado tanto e ele nem notar minha presença. Aquela indiferença foi fatal, esse meu gosto pelo inatingível é cruel.
O desdém dos cabelos, dos olhos, do sorriso, espalhando perfume, charme e beleza para o mundo todo, menos pra mim, foi fatal. Entre ele e eu havia uma multidão, ele era o centro de toda a atenção. Naquele momento, tive a oportunidade de oferecer a mão para cumprimenta-lo e de brinde eu poderia oferecer um sorriso fingido que receberia resposta por simples educação, porém me recusei. Não sei porque, mas tive medo. Acho que senti que oferecer o aperto de mãos era muito pouco, queria oferecer minha vida inteira e aquele não era mesmo o melhor momento. Me reduzi aos sonhos que criei imaginando ele ao meu lado naquele intervalo de no máximo 1 minuto.
Continuei seguindo a multidão, caminhei pela calçada como se minha vida fosse continuar a mesma. Pobre de mim. Tentei prestar atenção na minha companhia. Como é freqüente acontecer, eu estava ali acompanhada, mas não estava aqui nesse mundo. E não pude conter meu comentário: Nossa, aquele cara lá era talentoso, né? Recebi uma resposta afirmativa e fui deixada em casa.
Caminhei até a portaria, tirando a chave da bolsa e observando se o carro já havia partido ou se o motorista continuava ali se certificando que eu chegaria bem em casa, ou algum outro motivo. Hábito esse que tinha e ainda tenho, mas naquela época a chave carregava um chaveiro enorme e infantil.
Já no elevador, me reparo no espelho, critico minha roupa e o que a preenche. Chego em casa e vou diretamente para o quarto. Ponho um pijama e acho que vou sonhar feliz com um jogador de futebol. Mas daquela noite em diante o jogador não tinha mais vez. Um sonho novo veio, o tal inatingível era o novo personagem principal. Pela manhã decidi procurar por ele e sem muito esforço o encontrei.
Ele entrou na minha vida arrasando meu equilíbrio. Os dias pareciam intermináveis na espera de conversarmos. As noites eram longas demais sem seus telefonemas pra falar das estrelas, da poesia, da filosofia e da sua solidão. Ele fez algum truque, fez com que eu pudesse associar tudo que me rodeava a ele. Pra mim era forte demais, mas ele era só o rei das madrugadas solitárias regadas a álcool, pra ele era só mais um telefonema, porque dormir era mais difícil. Ele abalava minha estrutura depois ia embora silencioso e sossegado. Dia após dia meus pensamentos estavam nele. Noite após noite meus beijos eram só dele.
Nunca sei que horas eram, não faço a mínima idéia do mês ou do dia, mas lembro desses acontecidos sempre que existe um espaço vago no meu pensamento. E hoje é estranho lembrar quantos intervalos livres de pensamentos eu criei e crio novamente escrevendo isso. Unicamente por não conseguir entender como, nem porque aquilo deu certo. Se é que alguma parte da minha vida amorosa pode ser julgada como certa. Como aqueles quase 60 segundos, fixando intensamente o olhar nele e os olhos dele muito importantes para se encontrarem com os meus, mudaram meu caminho.
Estava eu, depois de algumas semanas, totalmente perdida nele mesmo sabendo que na vida dele nunca haveria espaço pra mim, mas que quando estava monótona demais apelava para minha companhia. Eu sabia que aquelas emoções nunca seriam verdadeiramente minhas, porém eu estava sempre ali por perto beirando o universo dele, querendo ocupar um espaço mesmo que pequeno, mesmo que desprivilegiado nos pensamentos que ele carregava. Me sentia completa quando aqueles cabelos perfumavam minha pele, quando aqueles olhos jogavam charme se fixando nos meus, quando aquele sorriso bonito surgia largo e sincero para mim. Vivia disso, por isso, para isso. Para me sentir nele, para me sentir viva.
Me fazia muito bem até o dia que me vi viciada na emoção. Ele me oferecia paixão em doses homeopáticas, eu só pedia mais. Ele não podia me amar quando eu sentia vontade, a indiferença agora me maltratava, o gosto pelo inatingível era cada vez mais amargo. Ele queria perfumar os seus cabelos na minha pele, quando sobrava tempo pela madrugada, queria mirar olhares no meu corpo, quando estava infeliz com a vida, queria desmanchar o sorriso largo no meu pescoço, quando estava cansado de se sentir só. Ele era livre, eu era só mais uma viciada... Nos beijos, nas palavras, naquele falso amor.
Eu continuei minha vida, construí meu mundo de poesia e solidão, nele também não há espaço para ninguém. O meu universo preenchi com livros, canções e com tudo o mais que ele me mostrou ser interessante.
Eu absorvia tudo o que ele falava, como se ele tivesse sido uma espécie de professor. Segui minha vida espalhando emoções fracas em doses homeopáticas, maltratando com indiferença quem não me machucou. Querendo sentir de novo aquele arrepio na nuca. Procurando alguém que me fizesse um nó na garganta. Que me desse um pouco de paixão, mas bem dada. Enquanto tentava achar alguém, que me fizesse sentir o que ele fazia, a quantidade de cortes que fiz em corações vulneráveis só aumentava. Sei que depois de adquirir aquela dependência por emoções intensas, mas sem verdade, ainda após anos não sei como é ser amada de verdade. A indiferença dele que ainda vive é fatal, esse meu gosto pelo inatingível sempre vai ser cruel.