Odeio me perguntar o porquê de tudo, o porquê do mundo, por não saber responder, ou pelo fato de saber que o negócio é não saber. Que o sentido é não ter sentido. Meu negativismo niilista foi inútil. Eu continuei só querendo te ver feliz, como você não viu? Seu Idiota cego, seu imbecil! E eu odeio a sensação de prever tudo. E eu previ você me dando felicidade demais, e eu sabia que isso simplesmente não podia ser pra mim. Mas eu queria acreditar que por alguns segundos Deus tinha atendido as minhas preces. Eu fui tola, mas quem nunca esteve numa dessas? Eu acreditei, sem querer acreditar. Foi perfeito demais pra ser. O que é perfeito simplesmente não deve acontecer e fim. E é assim que eu gosto - eu me engano e acredito. É assim que eu sempre gostei. Eu sou assim, apaixonada pelo inacabado, o imperfeito, o estragado. Isso pra mim é bonito. Eu persigo o efêmero. Eu quero tudo que dá e passa. Tudo que se despe, se despede e despedaça.
Eu guardo a falta das marcas, que você insiste em não deixar. Eu guardo meu silêncio, meu olhar pra baixo e o atar as mãos nas costas. Minha falta de ação perante o medo de te perder. Mas hein, quando eu te tive? Quando você estava realmente aqui comigo? Eu em algum momento devo ter tido você, porque você me teve tanto, teve muito, teve tudo e demais.
A culpa não foi minha, nem nossa. Não existe culpa. Mas é porque a gente decidiu dividir o nada. A falta. A falta de tudo que sobrava tanto. A inexistência dos limites, dos contornos, das lapidações. Que eu tive medo de delinear. E você nem queria se preocupar. Você só me queria. E eu só te queria bem. Você me queria só. E eu queria também. Agora, só, você quer. E eu... E eu... Só sei que não queria ter que deixar você.
Ladrãozinho, me devolve a chave? Também não esqueça dos meus chinelos, dos retalhos do meu coração, da minha escova, da nossa canção, da minha blusa branca e da minha alegria... Tenta se lembrar de trazer de volta para mim...
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