sábado, 14 de março de 2009

Que todo amor fosse o primeiro...

"E depois que o amor acaba? Amor acaba? Por que eu ainda penso nisso?" O meu amor não acabou, fui eu que apaguei com a borracha da ausência. O amor não acaba não, vira fantasma que assombra a gente aonde quer que esteja. É sempre assim, na rua, ao olhar para o lado você vê... Vê, sim! O amor está ali do outro lado da rua! O coração palpita, as pernas bambeiam, as mãos gelam e pingam suor. "É ele!" você pensa, só até aquele estranho virar o rosto para você ver que não tem nada que lembre aquela sua paixão inesquecível. Era só um pobre inocente que o fantasma do seu ex amor tomou conta. Me dá vontade de chorar, tenho medo de assombração. Ainda mais assim quando aparece de súbito sempre que tem oportunidade!


Amor não termina. Só acaba com o coração. Meu pobre coração que o diga, é cheio de remendos, eu fico pensando: " Será que com o coração desajustado assim, ainda dá pra amar de novo?" Poxa, eu queria amar de novo. Amar lindo, igual sonho, igual filme... Eu queria conseguir amar e ser feliz, mas a vida tem me mostrado que isso é quase impossível. Tentei consertar meu coração com uns bandaids da amizade, umas linhas de poesia, as partes de coração que me faltavam, peguei emprestado de apaixonados por aí e não vou devolver, fiz um trabalho lindo de patchwork.


Eu já tentei amar de novo e funcionou!!! Durante algumas semanas, o céu mudou a cor. Sentia um fogo nas veias, um calor, umas feridas se abriam e nada doía. Era tudo amor, paixão, beijos a meia luz, meu coração nem parecia ser remendado batia a todo vapor, numa força que eu imaginava não mais existir. Mas aí, rolava a primeira decepção e todo o turbilhão que o novo amor formava, toda a escuridão que ele trazia, simplesmente amanhecia como se tudo tivesse sido um sonho bom e agora eu estivesse acordando pra vida. A realidade vinha me dizer: "Garota,  levanta, cê já se atrasou demais nesse sonho infantil, acorda pra vida que você conhece... Você sabe muito bem que o sonho já passou, olha pro seu futuro e segue com a sua rotina, que certamente vai te fazer feliz... Sonhos são sonhos e mais nada. Acordou, morreu." E era o fim do meu projeto nova paixão.


No passado, não era assim, era amor demais. Depois de uma decepção eu acordava com vontade de olhar nos olhos e dizer que a gente supera tudo e que tem ainda muito mais decepções pra viver juntos. Mas que merda! Não é mais assim! Eu mal me decepciono e a realidade não precisa nem vir pra conversar, eu já sei. " Ah, é só mais uma desilusão, tanto faz... Nem queria um amor tanto mesmo" E puft, acabou meu sonho, acabou minha emoção... Ih, 'felizes para sempre' deixei pra trás tem tempo. 


No fundo, eu só queria saber se ainda é possível amar de novo, assim como antes, sem reservas, sem realidade, sem conformismo e comodidade. Queria falta de ar, arrepio, o coração acelerado, beijo de boa noite de manhã, queria abraços pra voar, queria pensamentos mirabolantes e sorrir demais a toa... Falando assim parece lindo. Mas eu não mencionei as lágrimas, as dores, a falta de apetite, o apetite em excesso, o coração desordenado, pensamentos desencontrados, nada de beijos, ou abraços, depois de tudo é só solidão. Nossa, mas mesmo assim é tão bom, que eu queria de novo. Quando vejo as fotos, os bilhetinhos, os presentes, as pétalas de flores enfim, tudo que ainda guardo eu sinto o quanto fui feliz. Se eu pudesse viveria amando, ai se eu pudesse sentir que todo amor é o primeiro! Se eu pudesse teria uma coleção de fantasmas, mesmo morrendo de medo de assombração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

 O meu corpo não foi feito para curtir uma história linda de romance. Nasci estragada para o amor. Os quimioreceptores da paixão vieram defeituosos, são ineficazes não fazem durar os sentimentos, as veias que pulsam o amor pelo corpo têm o calibre minúsculo, não me permitindo sentir aquele fogo que arde sem doer, o meu coração é o mais afetado ficando completamente desritmado, desencontrado do mundo ao encarar a possibilidade de viver um grande amor.

É culpa também do Querubim vesgo que não me abençoou com a flecha do amor e me fez ser assim difícil, ou melhor impossível nas questões do coração. Sou o que sou. Louca, pouca, difícil, impossível no amor.

Como não posso amar, sinto dor por meus amantes que em face da realidade sentem quebrar o encanto, o sonho 'feliz para sempre' não combina em nada comigo. Mas não espalho o desamor de propósito os meus defeitos que me fazem ser assim, sou mesmo esse caso perdido.

Quando eu nasci o meu anjo escutou o Vinicius dizer que "a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida", mas como bom desastrado que era e que também me fez resolveu que o meu destino seria traçado na premissa genérica da citação, que é tão linda - o oposto da minha vida. O anjinho lascou: esta vida será a arte do desencontro, embora haverão tantos encontros pela vida". E eu sigo passeando por vidas que encontro por ai. Isso é o que eu faço, essa sou eu! A minha vida vai se desenhando assim, contrária aos versos...